sábado, 30 de maio de 2009

Histórias de ônibus

Certa vez vi um desses comediantes que não são famosos, em um programa de auditório, dizendo "O ônibus é uma vida". Na verdade, de toda a piada, esta foi a frase que eu gravei.
E não é que o ônibus é mesmo uma vida.
Histórias de ônibus surge com o objetivo de contar histórias desta vida. Hilárias, revoltantes, em forma de causo ou protesto...

Analise bem: a maior parte da população brasileira não anda (e talvez nunca vá chegar perto) de metrô, muito menos de trem ou de bondinho. Alguns tem carro, mas nem que seja por acidente de percurso, um dia na vida, ainda vai sentir o gostinho pobre de andar de ônibus!
E cada ponto que o ônibus para é uma história, um causo, um conto.
A idéia é reuní-las aqui, as minhas, as suas, as histórias de quem ouvimos, a história de um primo do vizinho do dono do bar da esquina. O ônibus é uma vida.


História inaugural:

Dizem por aí que não existe mais homem como antigamente, que os homens sentam no ônibus, colocam seus fones e nem olham para as mulheres para não sentir vontade de oferecer o lugar.
Mas, um dia desses, eu vi um desses homens à moda antiga que foi capaz de oferecer seu lugar para uma mulher que entrou no ônibus.
Surpreendente foi a reação da mulher ao ouvir a gentileza:
"- Porque você está me oferecendo lugar? Fala, porque o senhor quer que eu sente aí?"
O pobre homem, humilhado, não reagia, apenas oferecia o seu lugar (provavelmente batalhado), para aquela mulher em fúria.
Não bastassem os gritos da mulher, uma senhora atravessou o corredor do ônibus gritando que aqueles dois não estavam na sala de suas casas para ficar conversando e atrapalhando o corredor do ônibus.
Pobre homem, mais uma vez, humilhado!
Agora a mulher não sabia se continuava xingando o homem ou a velha... mas como a senhorinha já estava lá no fundo, foi melhor continuar berrando com o homem que ainda permanecia em pé oferecendo seu lugar.
Resultado: o homem sentou, e a mulher berrou:
"- Me ofereceu lugar pensando que eu tô grávida? Eu sou é gorda! Essa barriga aqui é de gordura! Vou embora daqui".
E lá se foi a mulher revoltada, agora com todos os olhos do ônibus voltados para sua camada avantajada de tecido adiposo no abdome, ficar pendurada nos degraus do ônibus.


E ainda ousam dizer que não se fazem mais homens como antigamente!